A música acompanha a humanidade desde seus primórdios, sempre envolvendo e emocionando as pessoas, e nos últimos anos, estudos têm demonstrado que a musicalização e o aprendizado de instrumentos podem ajudar na assimilação de conteúdos em disciplinas que exigem raciocínio lógico e concentração. Tal evento ocorre porque as regiões do cérebro ativadas no estudo de matérias como matemática e línguas, também são estimuladas no processamento e produção de sentido e emoção da música.
"A escuta ativa exige o desenvolvimento da capacidade de concentração, além de promover a criatividade por meio da sensibilização do aluno." Diz Aurilene Guerra, mestre em neuropsicologia e professora de Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Os estudos científicos comprovaram que o cérebro não dispõe de um "centro musical", mas coloca em atividade uma ampla gama de áreas para interpretar os elementos presentes na música.
O processamento da música se inicia com vibrações sonoras no ouvido interno. Os estímulos sonoros seguem pelo nervo auditivo até o lobo temporal, onde se dá a senso-percepção musical: é nesse estágio que são decodificados altura, timbre, contorno e ritmo do som. O lobo temporal conecta-se em circuitos de ida e volta com o hipocampo, uma das áreas ligadas à memória, o cerebelo e a amígdala, áreas que integram o chamado cérebro primitivo e são responsáveis pela regulação motora e emocional, e ainda um pequeno núcleo de massa cinzenta, relacionado à sensação de bem-estar gerada por uma boa música.
Segundo a professora: "estudos científicos apontaram uma correspondência significativa entre a instrução musical nos primeiros anos de vida e o desenvolvimento da inteligência espacial, responsável por estabelecer relações entre itens e que favorece as habilidades matemáticas, necessárias ao fazer musical no processo de divisão de ritmos e contagem de tempo."
"No contexto escolar, a música tem a finalidade de ampliar e facilitar a aprendizagem do aluno", diz Aurilene. "Ela favorece muito o desenvolvimento cognitivo e sensitivo, envolvendo o aluno de tal forma que ele realmente cristalize na memória uma situação."
Por esse motivo, foi formalizado pelo governo em 2008, com a sanção da Lei nº 11.769, a obrigatoriedade do ensino de música na educação fundamental, mesmo que dentro da disciplina de artes.
Acompanhamentos realizados com alunos participantes em projetos musicais, demostraram aumento na concentração e raciocínio lógico, implicando em menos reprovações e maior aproveitamento das disciplinas escolares.
Concluindo, aqueles que se relacionam com a música, ainda que não se tornem profissionais, tem inúmeros benefícios nas atividades mentais, além de conhecer esse incrível universo dos sons.
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