Sempre defendi a tese de que a música erudita agrada a qualquer tipo de pessoa. Um dos problemas que vejo é o fato desta arte ser um tanto restrita a um seleto grupo. Entretanto, desde os anos 1970 há uma intensa campanha de sua popularização.
São os Concertos no Parque e outras iniciativas que levam a música erudita para uma fatia maior da população. Portanto, a desculpa de que o povo não gosta é mais do que mentirosa. Basta oferecer, que o público sempre lota os espaços.
É o que a Orquestra Sinfônica de Betim tem feito desde 2014. Na ocasião, foi lançada como Orquestra de Câmara, formada com exclusividade por instrumentos de corda. Já em 2015, abriu espaço para a entrada de músicos dedicados aos naipes de madeira, metais e percussão, proporcionando a formação sinfônica.
O grupo é dirigido pelo maestro Márcio Miranda Pontes, que também é o regente titular. De acordo com ele, a proposta da Orquestra Sinfônica de Betim é trabalhar na superação das dificuldades encontradas no Brasil para a formação de conjuntos musicais estáveis e duradouros.
Além disso, o grupo permite o acesso da população a um bem cultural que costuma estar restrito a um determinado tipo de público. Ainda no âmbito social, o projeto proporciona aprimoramento técnico e artístico de jovens músicos. Dessa forma, eles contam passam a ter perspectivas de profissionalização e geração de renda.
Desde a sua fundação em 2014, a Orquestra Sinfônica de Betim já realizou centenas de concertos gratuitos, contando também com a participação de grupos de canto coral. Até agora, foram mais de 60 mil espectadores do projeto.
Um dado interessante divulgado por Márcio Miranda é que grande parte das récitas são realizadas para professores e alunos das escolas públicas. Essa iniciativa tem papel importantíssimo na difusão da música erudita.
Conhecendo a Orquestra
A Orquestra Sinfônica de Betim é formada por 64 jovens músicos. Eles recebem uma bolsa incentivo mensal, além da orientação técnica e artística de profissionais de peso. São músicos das orquestras Sinfônica e Filarmônica de Minas Gerais e do Centro de Formação Artística do Palácio das Artes.
Todos os integrantes são estudantes de graduação em música ou de formação musical, informa o maestro. De acordo com ele, anualmente há uma avaliação para atestar o aproveitamento de cada um no grupo.
“Todo mês de fevereiro há a avaliação e os músicos com melhor aproveitamento nas provas preenchem as vagas”, destaca. Este é o mesmo sistema usado na Filarmônica de Minas Gerais, usado, inclusive, para garantir a qualidade e homogeneidade do grupo.
Financiamento
A Orquestra Sinfônica de Betim é uma realização da Sociedade Artística Brasileira (SABRA) em parceria com o Ministério da Cultura e Instituto Unimed-BH. Ela conta com o apoio institucional da Secretaria Municipal de Educação de Betim, da Fundação Artístico-cultural de Betim e da Administração do Parque de Exposição David Gonçalves Lara.
O grande desafio do grupo no momento é a aquisição de instrumentos sinfônicos. Márcio Miranda conta que para os naipes de metal, por exemplo, eles receberam a ajuda de bandas de música com o empréstimo de instrumento.
Ele só tem a preocupação por conta do estilo deles que é de fanfarra e a orquestra utiliza instrumentos sinfônicos. Para solucionar o problema, a SABRA lançou uma campanha de financiamento coletivo.
Ele consiste no apadrinhamento de pessoas físicas e jurídicas que doam a verba para a aquisição dos novos instrumentos e contribuem para a profissionalização de jovens músicos. Esses amigos da Orquestra Sinfônica de Betim também proporcionam a oportunidade de acesso gratuito à música sinfônica a milhares de pessoas da população em geral.
É uma iniciativa que vale a pena apoiar, uma vez que ela tem papel social determinante para a redução da criminalidade e violência na região onde o grupo atua. Como bônus, ainda há o estimulo à sensibilidade de jovens estudantes beneficiados com os concertos gratuitos na rede pública de ensino do município. As informações são do blog Sobre Música e Arte.