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Isadora Bertolini Labrada

11 Dicas para ajudar na educação musical do seu filho


A música passou a ser disciplina obrigatória da Educação Básica, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) em 2011. Independente do ensino em sala de aula, há muito o que fazer em casa para desenvolver a aptidão musical de crianças (e de você, pai, também!). Aguçar mais os ouvidos, conhecer músicas novas ou até mesmo ir a shows e concertos são bons exemplos de como se aproximar da cultura musical, mesmo sem saber tocar um instrumento.

A importância do aprendizado musical se comprova cada vez mais. A fundação americana Dana, que realiza pesquisas sobre atividades cerebrais, publicou em 2008 um estudo que comprovou a relação entre o interesse de crianças por conhecimentos artísticos e o aumento de habilidades como concentração, memória e criatividade ao resolver problemas. Outro estudo, mais recente, lançado neste ano pela Universidade Federal de São Paulo, em parceria com o Instituto ABCD, mostrou que crianças que tiveram aulas de música melhoraram o desempenho em português e matemática, em comparação a um grupo que não teve as aulas. "O estudo da música desenvolve muitas habilidades, como raciocínio lógico, coordenação motora, possibilidade de expressão e até sociabilização, quando se toca um instrumento", explica Berenice de Almeida, pianista e professora da Escola Municipal de Iniciação Artística. Além de tudo isso, é muito prazeroso quando temos a chance de escutar, dançar, cantar ou até mesmo tocar uma música. Pensando nisso, que tal seguir essas dicas para tornar a música ainda mais presente na vida de sua família?

1. Preste mais atenção aos sons ao seu redor

Todos os sons à nossa volta formam o que os estudiosos chamam de "paisagem sonora". Não podemos vê-la, mas é importante lembrar que ela está sempre presente. "Aguçar a percepção auditiva da criança é o primeiro grande passo para a educação musical". Por isso, reservar um tempo para escutar a paisagem sonora é um grande exercício. Será que há passarinhos cantando? Carros buzinando? Que elementos compõem a sua paisagem sonora agora?

2. Cuide bem da audição (e dos ouvidos!)

Outro elemento que merece atenção é a poluição sonora. Ruídos e barulhos podem ser um problema quando se trata de melhorar nossa percepção musical. "Não dá para fechar os ouvidos da mesma maneira que fechamos os olhos. O ouvido passa a fazer essa seleção, então, e transformar tudo que acha desinteressante em uma massa sonora", explica Berenice de Almeida, pianista e professora. Pequenos gestos evitam esse processo, como desligar a TV durante o almoço, para priorizar a conversa, e evitar mais de um aparelho eletrônico ligado na casa. Outra dica importante é em relação aos fones de ouvido - grandes vilões do aparelho auditivo. Cuide para que seu filho nunca use fones com o volume alto demais, pois os danos que esse mau hábito causa são irreversíveis!

3. Amplie o repertório musical

Todos os dias, a televisão, o rádio e a internet nos colocam em contato com músicas "da moda". Independente de julgá-las, é importante ter em mente que esse repertório já é muito acessível, e que não é preciso reforçá-lo. É interessante, portanto, buscar músicas que não fazem parte do que é chamado "repertório comercial". Essa busca pode ser feita na internet, em lojas de CDs e sebos, ou até em estações de rádio e canais de TV menores. "A qualidade da música que ouvimos vem com o aumento do repertório". Quanto maior a diversidade, mais atentos estamos a critérios de qualidade musical.

4. Relembre as músicas de sua infância

Conhecer músicas de outras épocas é um grande aprendizado. Que tal resgatar as raízes familiares e relembrar com seu filho as músicas que fizeram parte de sua infância? Ou de seus pais e avós? Músicas típicas de outros países também podem entrar na brincadeira, ainda mais se fizeram parte da história da família. "Hoje em dia, as músicas estão se tornando cada vez menos coletivas. É preciso passar essa herança adiante, da música feita em conjunto".

5. Não tenha medo da música erudita

Por mais inacessível que pareça aquela música feita pelas orquestras, com instrumentos sofisticados e, na maioria das vezes, sem letra, é preciso incluí-la no repertório de uma criança. A música erudita, popularmente chamada de música clássica, é importante para a formação cognitiva do cérebro, processo que pode começar na barriga da mãe (o feto começa a ouvir a partir da 21ª semana de vida). O importante, portanto, é escolher um repertório mais acessível dentro da música erudita.

6. Vá a apresentações, concertos e shows

Sair de casa para assistir a uma apresentação musical, por mais confortável que seja escutar música deitado no sofá, é uma experiência incrível. A tecnologia avança na tentativa de melhorar a qualidade das gravações, mas nada ainda se compara ao som ao vivo. Além disso, a emoção de estar perto do artista muda tudo! Procure se informar sobre a programação musical de sua cidade. Muitas vezes, há apresentações gratuitas ou com preços acessíveis que valem muito a pena.

7. Proponha o estudo de um instrumento

Uma ótima maneira de aprofundar a educação musical de uma criança é apresentar a ela a possibilidade de aprender um instrumento. Dê espaço para que ela escolha aquele que chame mais a atenção, e veja se é possível ter aulas. "Tocar um instrumento é um grande exercício de concentração e percepção". "Além disso, tocar em conjunto desenvolve habilidades de sociabilização e, principalmente, ensina a importância de ouvir o outro, a si mesmo e o todo". É importante ressaltar que não existe um "dom" para música - todos podem tentar tocar qualquer instrumento, independentemente da idade.

8. Leia mais sobre música - e estimule seu filho a fazer o mesmo!

A leitura pode ser uma ótima fonte para se conhecer um pouco mais sobre o universo da música. Procure não pular o caderno de cultura do jornal, por mais difícil que possa parecer um texto de crítica musical, e busque fontes especializadas para se inteirar mais sobre o assunto. Além de blogs e revistas, muitos livros podem trazer um grande aprendizado.

9. Permita "brincadeiras sonoras"

"O que às vezes os pais interpretam como barulho pode ter um significado musical para a criança". É preciso dar espaço para a curiosidade das crianças, sabendo respeitar os processos de criação. Principalmente na primeira infância, elas tendem a ser mais livres para explorar objetos sonoramente, e isso deve ser estimulado, pois faz parte do processo de improvisação. "Os pais podem estar juntos nessas descobertas".

10. Crie instrumentos com objetos do cotidiano

Outra maneira de desenvolver a exploração sonora é criar instrumentos a partir de sucata ou outros materiais do dia a dia. Mas esse processo deve ser feito com o desenvolvimento da percepção - que sons cada material produz? Como otimizar esse som em um instrumento? Um chocalho, por exemplo, pode ser feito com diversos recipientes, além de diversos "grãos" para o interior. A combinação desses dois elementos pode levar a uma infinidade de instrumentos diferentes!

11. Reserve momentos para ouvir música

Engana-se quem diz que gosta de música e escuta apenas enquanto faz outras coisas. A música, para ser apreciada como merece, não pode servir apenas de pano de fundo. Só assim, reservando um tempo para escutar música por inteiro, é que se pode curtir todos os elementos que ela oferece, e, quem sabe, refletir sobre eles. Fazer isso em família, então, é muito divertido!

Matéria publicada no site Educar para Crescer disponível neste link.



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