top of page
  • Foto do escritorEric Faleiros

E se a música erudita ganhasse coreografia e reboladinhas?


Você escuta música erudita? Provavelmente não, mas é sabido que esse tipo de música deixou de ser popular há tempos. E não pense que isso acontece apenas no Brasil.

Tanto é assim, que a B-Classic, um festival belga de música clássica, está querendo fazer com que o gênero musical alcance a todos – homens e mulheres, jovens e adultos. Eles querem “dar à música clássica o mesmo reconhecimento que o pop e o rock tem”, segundo suas próprias palavras. E eles pretendem mudar os paradigmas da música erudita para alcançar esse objetivo.

Frank Peters é um pianista clássico alemão e porta-voz da B-Classic.

"É muito difícil dizer como as coisas estão indo para a música clássica nesse momento. Claro que as coisas vão bem com a música em si. Continua o que era antes. Mas o interesse na música é um pouco mais problemático. Eu acredito que muitas barreiras precisam ser quebradas para tornar a música clássica mais atrativa para o público geral".

Tendo essa divulgação do gênero em mente, o pessoal da B-Classical desenvolveu um projeto: o The Classical Comeback. Trata-se de um “novo formato de vídeo que combina a emoção atemporal da música clássica com o talento visual de um diretor contemporâneo”, segundo o site do festival.

O primeiro vídeo do projeto foi lançado dia 15 de abril de 2014 no YouTube (está no final do texto). A “emoção atemporal da música clássica”, no clip, fica por conta do compositor tcheco Antonín Leopold Dvořák, e o “visual contemporâneo” foi um trabalho da produtora Caviar com o grupo coreano de dança Waveya.

A Waveya é formada por cinco garotas sensuais que estão estourando há um tempo na internet. Você provavelmente já viu algum vídeo delas. Esse daqui, delas dançando Gangnam Style no distante 2012, tem mais de 130 milhões de visualizações.

E como seria a união de música clássica com Waveya?

É um som erudito com coreografia, sei lá, de rap ou do pop das divas americanas. É algo totalmente inovador. Você pode vasculhar a internet que não encontrará coisa parecida. Pelo menos não com a qualidade (de produção) que esse material apresenta.

Ao assistir pela primeira vez, pensa-se logo que é uma crítica ao modo de se produzir conteúdo sonoro/visual atualmente, mas não. Como falamos, o projeto da B-Classical é bastante sério e eles realmente querem popularizar a música clássica utilizando uma linguagem atual, digamos assim. Então as meninas começam a rebolar, agachar, ficar de quatro, dar tapas na bunda ao som dos violinos, trompas, flautas e oboés da orquestração de Dvořák.

Cheeren Gayadin, programadora musical da MTV, comenta a questão: “Você pode expor muitas pessoas à música clássica de repente sem que elas ao menos saibam disso. Eles estão interessadas principalmente em ver o vídeo”.

Mas e a música, onde fica? Existe um plano B para fazer com que, posteriormente, as pessoas prestem atenção ao estímulo sonoro. O espaço será dividido entre arte sonora e arte visual ou essa última continuará esmagando a primeira como vem acontecendo ultimamente?

No final do clipe aparece uma frase: ”Você acabou de ouvir três minutos de música clássica.” Ou seja, a plateia fica tão obcecada com o visual que mal percebe o que ouviu. Seria isso?

Mas Frank Peters, o cara que é porta-voz do festival, tem um dizer importante: “O ponto não é tanto as imagens. Mas as imagens te permitem ser captado pela música sem se perceber disso. É isso o que a B-Classical quer, remover a música clássica desse contexto que já existe. Isso mostra que a arte – música – é algo de todo o dia, de pessoas comuns para pessoas comuns”.

O que você acha??

Fonte: http://www.elhombre.com.br

28 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page