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  • Foto do escritorEric Faleiros

Como surgiu a MPB


A Bossa Nova surgiu de repente e acidentalmente na casa de Nara Leão. Lá amigos se reuniam para rir e inventar novas formas de tocar. Muita gente não sabe, mas um dos cantores da dupla Kleiton e Kledir era namorado da anfitriã. Porém o título desse post não está sugerindo que iremos falar de Bossa Nova, não é? Talvez em alguma próxima vez. Diferente do ritmo casual e requintado, a MPB surgiu num momento em que o povo não queria mais ouvir falar do mar, do amor, da natureza e suas belezas. Era época de Ditadura Militar e as pessoas (principalmente os jovens) queriam um som que expusesse os problemas políticos vigentes, mesmo que de forma velada.


A MPB, na realidade, era classificada como MPM (Música popular moderna). Essa sigla era usada nos festivais da Rede Record – nicho onde os grandes cantores de MPB surgiram – para diferenciar dos sambas, das bossas e marchinhas. A MPM tornou-se a MPB que conhecemos (retomando as raízes brasileiras e com seus ritmos folclóricos) apenas no final da década de 1960, quando um conjunto vocal já conhecido trocou de nome para MPB 4.


A música que é considerada o marco, e grande início desse gênero musical tão celebrado e até controverso, é Arrastão, escrita por Edu Lobo e o nosso querido Vinicius de Moraes, interpretada por Elis Regina. Digo controverso porque, em algumas bolhas, ela é classificada como “música para gringo ouvir” ou para pagar de intelectual. Logo ela que uniu o país num tempo cheio de restrições.


Durante o início da MPB, outros movimentos se consagraram, como a Tropicália e a Jovem Guarda. A primeira usava trocadilhos, e fazia uma música mais experimental, enquanto a segunda adotou um estilo puxado para o rock, sem questões sociais. Hoje em dia uma parcela da população tem um certo preconceito com a Jovem Guarda por esses e outros motivos.


Grandes nomes nacionais beberam na fonte da MPB, como Chico Buarque e Caetano Veloso. Com a promulgação do AI-5, tiveram algumas músicas censuradas e foram para o Exílio. Hoje em dia, existe uma vontade geral de se descobrir o que ainda está oculto nas músicas desses cantores. Há ainda grandes lendas em torno das músicas que são classificadas à MPB: em Tropicália, na frase “e no joelho uma criança sorridente feia e morta estende a mão”, muitos acham que o joelho é o Nordeste, pois no mapa se parece com um. Será? As músicas de Djavan também são questionadas, muita gente conta a história de que ele era casado com uma mulher que perdeu a filha no parto, por isso “Do pé que brotou Maria, nem margarida nasceu”.


Dizem que estamos vivendo a terceira fase da MPB. Temos grandes musicistas nem tão reconhecidos como Cícero, Paulo Novaes e Tulipa Ruiz, e também alguns conhecidos como Rubel, Tiago Iorc e Anavitória. Esses últimos causam uma confusão na internet, já que alguns os definem como POP, e outros como MPB. Bom, para mim, MPB é tudo que engloba sentimento, brasilidade e ritmo gostoso de ouvir. Não deixarei minha opinião pessoal, cabe a você, leitor, ouvir esses novos nomes e tirar alguma conclusão.


A música popular brasileira continua viva e faz parte da história do Brasil, é estudada em escolas, é matéria de vestibular, e cabe a nós manter viva a memória daqueles que a iniciaram e apoiar aqueles que a estão perpetuando.


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